domingo, 31 de agosto de 2008

Amazônia - Devastação em números



A Amazônia tem sido um tema recorrente neste blog, mesmo porque a região está na ordem do dia no cenário mundial. Ela é uma das estrelas que a mídia anda “paparicando”, nem sempre com boas intenções, como sabemos.
Mas, o assunto deste post é sobre o infográfico, elaborado pela equipe do globonline e publicado na sua página eletrônica.
Estava reticente em tocar no assunto, pois bateu um sentimento tão grande de impotência ao acompanhar o desmatamento “virtual” e em “tempo real” da região amazônica, que fiquei meio paralisada.
As informações contidas na matéria não são novidades, mas acompanhar esse crime lesa-pátria - mesmo que virtualmente - não foi nada prazeroso, principalmente depois que o midiático ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que “ o pior ainda está por vir”:
- Os piores meses do desmatamento são tradicionalmente junho, julho, agosto e setembro, quando há estiagem e preparação de terrenos.
Para conhecer o infográfico clique aqui.
Estarrecedor!

Devastação da Amazônia é subestimada em 50%


O desmatamento na Amazônia pode ser o dobro do que se imagina por causa do corte "seletivo" de árvores, que não é detectado pelas imagens por satélite, afirmou na quinta-feira a revista Science. O método tradicional de avaliar o desmatamento é pela observação de clareiras em imagens por satélite. O corte seletivo de árvores ocorre quando árvores isoladas são derrubadas no meio da floresta.

Pesquisadores do Carnegie Institution, em Washington, utilizaram um novo método de analisar as imagens por satélite e detectaram o corte seletivo nos cinco Estados que mais produzem madeira na Amazônia.

A pesquisa, publicada na edição de 21 de outubro da Science, mostrou que a área de floresta danificada é entre 60% e 128% maior que a área desmatada oficial detectada entre 1999 e 2002.

"Esperávamos ver grandes áreas desmatadas, mas a extensão da penetração do desmatamento na floresta é muito mais drástica do que imaginávamos", disse Michael Keller, do Serviço Florestal dos EUA e co-autor do estudo.

Em agosto, o governo brasileiro avaliou que 9.106 quilômetros quadrados foram devastados entre agosto de 2004 e julho de 2005, bem menos que os 18.724 quilômetros quadrados observados no ano anterior.

"Comparado ao desmatamento tradicional, o corte seletivo é o menor dos males, e não é o responsável direto pelo desmatamento na Amazônia", disse José Natalino da Silva, brasileiro que é co-autor do estudo. "O problema é que ele abre caminho para a devastação maciça, para a agricultura". Silva acrescentou que o estudo não questiona a validade dos números oficiais de desmatamento brasileiros, divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), mas sim os detalha.

O corte seletivo, afirmou o estudo, aumentou a emissão de carbono em 25%. Ele também diminui a cobertura das copas das árvores, danificando a vegetação no solo, que se torna mais seca e mais propensa a incêndios. Vários projetos de desenvolvimento sustentável, financiados tanto pelo governo brasileiro como por agências internacionais, promovem o corte seletivo. Mas há limitações quanto ao tipo, à quantidade e à idade das árvores derrubadas.

"Em florestas bem administradas, o corte seletivo apenas acelera o processo natural de morte e queda das árvores", disse Judson Ferreira Valentim, pesquisador da Embrapa. Os autores do estudo disseram que vão entregar os resultados para o governo brasileiro para que ele fiscalize o corte seletivo ilegal.