quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Desmate ainda é a principal causa da emissão de gases de efeito estufa


Com 51,9% de contribuição, o desmatamento da Amazônia continua sendo a principal causa das emissões de gases de efeito estufa no país. Ou seja, além de causar prejuízos de toda ordem às riquezas naturais existentes na grande floresta, a sua devastação ainda é a principal razão da colaboração que o Brasil dá em termos de emissões de gases que causam o efeito estufa e o conseqüente aumento da temperatura do planeta.

Os dados constam de uma estimativa feita por cientistas da Universidade de São Paulo (USP), ao calcularam que as emissões de gases do efeito estufa no Brasil aumentaram 24,6% entre 1990 e 2005. Segundo publicou o jornal Folha de São Paulo, o trabalho dos cientistas da USP, liderado por Carlos Cerri, sai às vésperas de o Ministério do Meio Ambiente (MMA) divulgar suas próprias estimativas. Segundo a Folha, os dois estudos preenchem um vácuo de informação deixado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), que produz os dados oficiais, e deve divulgar o próximo inventário só no ano que vem.

O trabalho da USP também mostra que o perfil brasileiro de emissões de gases de efeito estuga está mudando. Isto porque os gases-estufa do desmatamento cresceram 8,1% entre 1994 e 2005, taxa menor que a de outros tipos de fonte. Emissões vindas de energia, agropecuária, indústria e lixo tiveram, juntas, aumento médio de 41%. Mesmo com essa diferença, porém, o desmate continua sendo o principal emissor, representando 51,9% do total.

Descontando a perda de floresta, o estudo da USP permite comparar o Brasil a outros países. O crescimento de 41% foi menor que o de muitos países ricos que deveriam estar cortando emissões em vez de aumentar, conforme prevê o Protocolo de Kyoto. Gigantes pobres como China e Índia também tiveram aumentos maiores (89% e 62%, respectivamente). As emissões de não-desmate do Brasil, porém, subiram mais que a média mundial de 28,1% - puxadas por uma matriz energética mais suja e pelos transportes.

Segundo a Folha, os cálculos de Cerri e seus colegas saem em um artigo na edição desta semana da revista "Scientia Agricola". O trabalho, que levou cerca de um ano, é basicamente a compilação de dados de outros levantamentos já publicados, incluindo o inventário oficial de 1994. Cada fonte de dados teve de receber tratamento estatístico adequado para ser unida às outras.

sábado, 24 de outubro de 2009

Cerrado pode sumir em 2060


Especialistas discutem o futuro do bioma e advertem que, mantido o atual ritmo de destruição, ele estará extinto em 50 anos

O alto índice de desmatamento do cerrado, segundo maior bioma do Brasil, preocupa cada dia mais os ambientalistas. De 2002 a 2008, 1% do cerrado desapareceu por ano — o que representa um total de 127.560km² de área devastada. Alguns estudiosos chegam a arriscar que, se for mantido o atual ritmo acelerado de destruição, o bioma tende a desaparecer dentro de 50 anos. Desde o início da construção de Brasília, na década de 1950, cerca de 68% do cerrado desapareceram do mapa. A esperança dos especialistas está nas 53 unidades de conservação espalhadas pelo território nacional. O problema é que elas representam apenas 7% do total de 2.039.386 km² do bioma. A saída é, então, desenvolver ações criativas para impedir um futuro pior.

Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o DF é a unidade da Federação que menos desmatou o cerrado nos últimos seis anos. E é a única que no país que tem 93% do território protegido contra desmatamento. Fotos tiradas de satélites e o trabalho de ambientalistas mostram, no entanto, uma realidade diferente. Com a devastação em grande escala, cerca de 12 mil espécies de plantas, 320 mil de animais e as principais bacias hidrográficas do Brasil correm perigo. Os números são preocupantes, mas levantamentos como este são necessários para atualizar o mapa da devastação do bioma no país e, a partir daí, definir as metas para recuperar o tempo perdido. A preservação do cerrado foi o tema de debate, ontem pela manhã, no auditório da Reitoria da Universidade de Brasília (UnB). Três estudiosos se reuniram para apresentar os números e discutir o futuro do bioma.

Perdas

O chefe do Departamento de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente e professor do Departamento de Ecologia da UnB, Bráulio Ferreira de Souza Dias, iniciou há oito anos uma pesquisa para estudar o mapa de devastação do Cerrado. A primeira análise, realizada em 2002 com ajuda de imagens capturadas por dois satélites, mostrou que 41,9% do ecossistema estava destruído. Naquela época, blocos de 40 hectares de terra passaram pela pesquisa. Em 2008, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) voltou à região, que abrange 11 estados e o Distrito Federal, para detalhar a pesquisa. O resultado: 127.560 km² a menos de cerrado. “Se continuarmos neste ritmo, vamos ficar apenas com as unidades de conservação do bioma, que alcança 7% de todo o cerrado. Destes, apenas 2,5% têm garantias de conservação integral. É insuficiente para garantir a biodiversidade do cerrado”, explicou Bráulio.

A doutora em biologia animal da UnB Keila Macfadem ressaltou a preocupação em relação aos animais do cerrado. Segundo ela, 10 espécies de mamíferos do bioma correm risco de desaparecer em 50 anos se não foram desenvolvidas políticas ambientais para impedir a devastação. Com a proliferação das áreas urbanas ou ainda de campos de plantação e criação de gado, as unidades de conservação ficaram afastadas umas das outras. Outro fato recorrente é o fechamento dos corredores ecológicos, que permitem a circulação dos bichos entre as áreas protegidas. Dessa forma, os animais têm dificuldades para procriar. O tatu-canastra, por exemplo, foi encontrado apenas no Parque da Água Mineral. E as antas só vivem no Parque Nacional ou na Estação Ecológica de Águas Emendadas.

Como consequência, os animais são obrigados a correr o risco em estradas, comer lixo em áreas próximas às cidades e ainda se proteger de animais urbanos, como cachorros. Para desenvolver a pesquisa, Keila Macfadem analisou 35 espécies de mamíferos na região. Para compreender a rotina e aprender sobre a vida dos bichos, ela instalou de 70 câmeras fotográficas em pontos estratégicos de três áreas de conservação ambiental do Centro-Oeste — Estação Ecológica de Águas Emendadas, Parque Nacional da Água Mineral e Área de Proteção Ambiental Gama/Cabeça-de-Veado. O trabalho foi realizado por quatro meses, sendo que dois de chuva e dois de seca.

Conflitos

Os palestrantes apresentaram mapas da devastação a partir da década de 1950. Em 1954, o cerrado tomava conta de quase todo o centro do Brasil. Mas, a partir da construção de Brasília e a ocupação urbana, a região de mata diminuía aos poucos. O professor Bráulio citou ainda conflitos sobre o uso da terra, as mudanças drásticas do clima e o constante desmatamento que, somados, aumentaram a temperatura média do planeta e alterou as condições do meio ambiente. “A situação é perigosa. E o meio ambiente não vai sobreviver”, alertou Bráulio. O presidente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Gustavo Souto Maior, acrescentou à lista de colaboradores da devastação a proliferação de condomínios irregulares e a ocupação desordenada do solo. “As unidades de conservação estão asfixiadas pelo lixão da Estrutural e pelo Setor de Oficinas, no fim da Asa Norte, por exemplo. As unidades foram separadas em ilhas”, contou.

Souto Maior também ressaltou a falta de recursos dos governos federal e estadual para investir na preservação do meio ambiente. À frente do instituto há dois anos e meio, ele contou sobre a dificuldade dos órgãos ambientais em conter o ritmo da devastação. Ele citou, por exemplo, que o Ibram recebe 0,023% de todo o orçamento do Governo do Distrito Federal por ano para cuidar do meio ambiente. Para o Ministério do Meio Ambiente é destinado 0,11% do orçamento federal. “A tendência é que nem as unidades de preservação sejam respeitadas. Acho que tem, sim, solução se começarmos a lutar pelo espaço agora”, disse. Para ele, a população também deve se engajar com coragem e criatividade para reverter a atual situação. “Tem que haver o equilíbrio entre o meio ambiente e o desenvolvimento econômico”, sugeriu Gustavo.

Acordo climático em risco: Lula, é hora de agir!

O acordo climático que deverá ser fechado este ano está em risco. Declarações recentes de importantes líderes mundiais, dentre eles da União Européia e Estados Unidos, sugerem que em Copenhague se discuta o futuro da humanidade de forma meramente voluntária. O WWF-Brasil, através de carta enviada nesta tarde, urge que o Presidente Lula e seus Ministros conclamem os demais líderes mundiais para um esforço global pelo único resultado aceitável em Copenhague: um acordo ambicioso, justo e com força de lei. O fracasso em Copenhague representa um alto risco de instabilidade que implicará em custos sociais, ambientais e econômicos para todos os países.

“Consideramos que o apoio do Presidente Lula como líder global é fundamental para que o acordo de clima não se restrinja a uma carta de boas intenções e seja realmente um compromisso com força de lei internacional”, afirma Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil.

“O crescente pessimismo entre líderes das nações mais ricas, principalmente nos últimos dias, não pode tomar conta das negociações. O que o mundo necessita agora é de vontade política para a tomada das decisões necessárias”, completa.

O Brasil tem se mostrado colaborativo nesse processo, rejeitando a possibilidade de não haver um acordo forte em Copenhague. “Precisamos desse tipo de movimentação política e de ações fortes de países em desenvolvimento como China, Índia e Brasil para pressionar cada vez mais os países desenvolvidos a trabalharem por um acordo com força de lei, com reduções drásticas de suas emissões e financiamento do desenvolvimento de baixo carbono”, contextualiza Carlos Rittl, coordenador do programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil.

Resgate das declarações otimistas

Na última Cúpula de Clima em setembro, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, resumiu comentários de mais de 100 chefes de Estado como “um desejo vivo por todos os líderes de contribuir para o êxito das negociações em Copenhague”. Ainda de acordo com o secretário-geral, “Eles [os chefes de Estado] também manifestaram a disponibilidade para comprometer suas nações para alcançar um acordo eficaz que seja colocado em prática por todos.”

“Pelo menos dois terços das nações mundiais, empresas e novos mercados estão ‘prontos e esperando’ pelas certezas que trará um acordo com força de lei a ser assinado em Copenhague”, afirma Kim Carstensen, líder da Iniciativa Global de Clima da Rede WWF.

“Passamos quase dois anos para criar todas as bases para o novo acordo e obtermos um resultado inovador em Copenhague. O que precisamos agora é de vontade política e determinação, não de sinais confusos como os que estão sendo enviados por alguns líderes”, explica Carstensen.

Nos próximos meses haverá uma série de uma série de reuniões de chefes de Estado e serão ótimas oportunidades para repetirem o compromisso que fizeram na ONU.

Os líderes da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) estão reunidos hoje e neste fim de semana. Chefes de Estado europeus se reúnem na próxima semana para acordar uma posição sobre financiamento de ações sobre mudanças climáticas. Um encontro da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec) está marcado para novembro. Além dessas, outras reuniões bilaterais também estão previstas até o fim de novembro.

"Esperamos que os líderes coloquem as negociações de volta nos trilhos da responsabilidade", afirma Carstensen.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Governo libera áreas em florestas públicas para exploração privada

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou um pacote de concessão de 2,7 milhões de hectares em áreas de florestas públicas na Amazônia para a exploração pelo setor privado até 2010. Mesmo tendo concluído somente a licitação de 96 mil hectares da Floresta Nacional do Jamari (RO), o governo calcula ser possível elevar a oferta anual de madeira legal dos atuais 75 mil para 840 mil metros cúbicos em seis novas áreas até o fim do próximo ano.

Minc também busca dar uma resposta política aos apelos do setor madeireiro pela aprovação de novos planos de manejo que garantam a manutenção da atividade empresarial. O manejo permite a exploração anual, planejada e seletiva de 20% da área concedida. Em geral, são cortadas cinco ou seis árvores das 500 normalmente encontradas em cada hectare de floresta na Amazônia. As concessões, que serão fiscalizadas pelo Ibama e auditadas, terão prazo de 40 anos. Hoje, há 211 milhões de hectares de florestas públicas.

O novo pacote do governo deve elevar a oferta anual em cerca de 38 mil caminhões de madeira nos Estados do Acre, Amazonas, Pará e Rondônia. "A floresta em pé tem que valer mais do que a derrubada", disse Minc. "Hoje, a repressão é precária, temporária, custosa e gera impactos sociais. Vamos criar a base para uma nova economia na Amazônia". O pacote de concessões deve permitir, segundo ele, a geração de 12 mil empregos no setor madeireiro com uma arrecadação estimada de R$ 430 milhões ao longo da cadeia produtiva.

Em ano eleitoral, a repressão à exploração ilegal de madeira, até aqui parcialmente responsável pela redução do desmatamento na Amazônia, ficará mais difícil em razão dos acordo políticos e as reações no Congresso. Sem planos de manejo para essas áreas, cresce o estímulo à derrubada da Amazônia e à grilagem de terras para a exploração ilegal, como ocorre em áreas na área de influência das BRs 163 (Cuiabá-Santarém) e 319 (Manaus-Porto Velho).

Além da única área já concedida em Rondônia, está em curso a licitação de 140 mil hectares e 100 mil m3 anuais da Floresta Nacional Saracá-Taquera (PA), suspensa após pedido de impugnação do edital. O governo prevê conceder 1,5 milhão de hectares nas florestas de Trairão, Altamira e Jamanxim (PA); 860 mil hectares de Amana e Crepori (área da BR-163); e outros 369 mil hectares de Macauã, São Francisco (AC) e Jacundá (RO). O Instituto Chico Mendes também aprovou ontem novos planos de manejo para 256 mil hectares da floresta de Purus e de 311 mil hectares de Mapiá-Inauini (AM).

O ministro diz que a concessão, criticada por parlamentares ruralistas da bancada da Amazônia como "privatização da floresta", é uma solução para eliminar a derrubada ilegal quando conjugada com regularização fundiária, crédito para assistência técnica e preços de garantia ao extrativismo na Amazônia. "Enquanto for mais fácil derrubar e for difícil fazer a coisa certa, esta guerra está perdida. Sabemos que não vamos resolver um problema econômico com medidas policiais", afirmou. As concessões para exploração comercial contribuem, segundo ele, para a redução da devastação das florestas por serem alternativas econômicas ao desmatamento ilegal.

As florestas nacionais têm que ser incluídas no Plano de Outorga Florestal 2010 para obter a condição de concessão. O Serviço Florestal Brasileiro (SFB) informa que o aumento da fiscalização na Amazônia provocou uma redução da quantidade de madeira oferecida ilegalmente por madeireiras clandestinas.

"A exigência do mercado é que a madeira seja legal e rastreada", afirmou o diretor-geral do SFB, Antonio Carlos Hummel. O mercado internacional, segundo ele, passará a exigir a elevação da oferta de madeira legal para suprir sua demanda. "Por isso, a Lei de Gestão de Florestas Públicas, aprovada em 2006, foi um marco. Os ativos florestais também se valorizaram por causa das discussões sobre mudanças climáticas", afirmou.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Estudo revela Amazônia desconhecida e preservada

Depois de um ano de trabalho, o Exército acaba de concluir a primeira parte de um tipo de levantamento cartográfico inédito na Amazônia.

Na região estudada --que fica a noroeste, é conhecida como Cabeça do Cachorro e ocupa uma área equivalente à Alemanha (350 mil quilômetros quadrados)--, as primeiras conclusões indicam que ali a floresta está mais preservada do que há 30 anos, possui inúmeros igarapés jamais visualizados nas imagens de satélites e perdeu comunidades indígenas pelas dificuldades de sobrevivência.

A partir de 2010, começarão os estudos para avaliar as espécies vegetais da região (principalmente as castanheiras e seringueiras, típicas da floresta existente no local), seu valor comercial, a composição geológica do solo e o desenho pormenorizado dos novos riachos descobertos, trabalhos que serão feito pelo Ministério das Minas e Energia e pela Marinha, respectivamente.

Os resultados vão revelar inicialmente o perfil de São Gabriel da Cachoeira e Barcelos, as duas primeiras das dez microrregiões em que a Cabeça do Cachorro foi dividida para a realização da pesquisa, que ao todo vai demorar cinco anos e custará, incluindo partes náutica e geológica, R$ 150 milhões.

As cartas mais recentes sobre a Amazônia são dos anos 1990 e não incluem a região da Cabeça do Cachorro. "Temos ali um vazio cartográfico, um nada. É difícil até mesmo organizar os trabalhos de fronteira que precisamos realizar", diz o general Augusto Heleno, chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército.

Sem surpresa

Os primeiros resultados do levantamento, feito sob a coordenação do general Ronalt Vieira, não surpreenderam o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), responsável pelos números oficiais do desmatamento no país, nem os ambientalistas.

"Todo o oeste da Amazônia, como é o caso, não possui estradas. Como o acesso é somente por rios, isso dificultada a exploração. E o fato de não se ter gado ali permite uma regeneração rápida da mata, porque o gado compacta o solo e dificulta o florescimento das sementes de maneira natural", diz Dalton Valeriano, pesquisador do Inpe especializado na região.

Segundo números do instituto, o desmatamento de floresta nativa em São Gabriel da Cachoeira caiu de 1.500 km2, em 2003, para 610 km2 em 2007.

Trata-se de uma realidade complemente diferente daquela encontrada, por exemplo, no Estado do Pará, um dos mais atingidos pelo desmatamento, decorrente, primeiro, da exploração ilegal de madeira e, na sequência, do gado.

Dados positivos

Em junho, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, apresentou os números mais novos sobre o desmatamento, que são positivos: de fevereiro a abril, a área devastada foi de 197 km 2, contra 1.900 km2 no mesmo período de 2008.

Ou seja, houve redução de 90%, mas, de acordo com o ministro, a maior quantidade de nuvens neste ano pode ter impedido a captação de imagens de novas áreas desmatadas.

"A inexistência de estradas e a falta de perspectiva de haver doação de área pública são fatores fundamentais para a preservação da região noroeste da Amazônia", diz Paulo Barreto, da ONG Imazon.

Tecnologia

O trabalho do Exército também é inédito pela tecnologia que utiliza, cujas fotos tiradas de um avião ultrapassam a copa das árvores, dando uma visão mais precisa sobre a vegetação e também o relevo, dados que ficavam prejudicados com a limitação de imagens colhidas por satélite, que esbarraram nas nuvens principalmente.

A disciplina militar e o conhecimento da região --boa parte dos soldados envolvidos na ação tem origem indígena-- são fundamentais para o trabalho. São 20 dias de viagem por rio para a chegada do combustível à Cabeça do Cachorro.

O avião empregado no trabalho de mapeamento da região começou a voar em outubro. Até o final de maio, foram consumidos 1 milhão de litros de querosene nos voos.

Pelos dados do general Ronalt, nos três próximos anos, tempo em que ele pretende concluir a parte de voo e registro de imagens da região inteira, o avião empregado no trabalho terá voado 900 mil quilômetros quadrados --teria dado, mais ou menos, 40 voltas em torno da terra.

Números do Inpe começam a confirmar previsão de Minc sobre desmatamento. Ministro do Meio Ambiente diz que devastação será a menor já registrada.


Imagens de satélite mostram redução constante da derrubada da floresta.

Já faz alguns meses que o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, vem prometendo que o desmatamento entre 2008 e 2009 será o menor desde que o Brasil começou a medir a devastação da Amazônia. Nesta terça-feira (4), em Brasília, o ministro reforçou sua expectativa: "Se nada de extraordinário ocorrer, teremos a confirmação do menor desmatamento dos últimos 20 anos", disse ele, segundo nota divulgada pelo ministério.

A diferença é que, desta vez, os números do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) já começam a confirmar a previsão de Minc. Segundo o último estudo do instituto, a floresta perdeu 578 km² em junho. O número é 33% inferior ao mesmo mês do ano anterior e a menor taxa desde 2004, quando o monitoramento mensal começou a ser realizado.

Por causa da grande quantidade de nuvens que pairavam sobre a Amazônia nos últimos meses, havia expectativa de que o desmatamento medido em junho – quando o tempo melhorou – revelasse grandes áreas desmatadas que poderiam estar invisíveis sob a lente dos satélites.

Não foi o que ocorreu. Apesar do aumento do desmatamento em relação ao mês anterior – em maio, foram 128 km² derrubados –, este já é a oitava leitura mensal do Inpe em que o desmatamento cai em relação ao mesmo período do ano anterior, revelando uma redução consistente do desmatamento.


Medição paralela

As estatísticas de desmatamento divulgadas pela ONG Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), apesar de serem baseadas em metodologia diferente da usada pelo Inpe, também indicam queda constante do ritmo de devastação. Segundo a organização, a floresta amazônica perdeu 150 km² em junho – redução de 75% em relação a junho de 2008, quando o desmatamento somou 612 quilômetros quadrados.

Na semana passada, o pesquisador Adalberto Veríssimo, um dos autores do estudo da ONG, concordou com as previsões de Minc sobre a queda do desmatamento. O cientista alertou, contudo, que no segundo semestre o desmatamento pode subir novamente.

O crescimento da economia, somado a um verão seco, podem estimular o corte das árvores. Além disso, Veríssimo aponta a proximidade das eleições como um dos fatores que aumentam a devastação “Infelizmente, a floresta é barganhada”, afirmou.

Minc, apesar de otimista, está apreensivo em relação à próxima medição. “Julho é um mês terrível. E vai ser difícil reduzir o desmatamento em relação a julho de 2008, que foi de cerca de 300 quilômetros quadrados”, disse ele, segundo a Agência Brasil.


Período de um ano

Os dados anuais de desmatamento serão divulgados pelo Inpe no final do ano. O calendário utilizado pelo instituto vai de agosto a julho. Assim, a taxa equivalerá à devastação ocorrida entre 2008 e 2009.

O ministro calcula que as estatísticas apontem entre oito e nove mil quilômetros quadrados destruídos. Se isso se confirmar, será a menor taxa desde 1988, quando o Inpe começou a medir o desmatamento. Até hoje, o menor nível detectado foi em 1991 (11.030 km²). No ano passado, foi registrada a terceira menor estatística anual, de 12.911 km².


Comparação mensal

Considerando as medições feitas a cada 30 dias, a previsão de Minc parece estar certa. Nos últimos 11 meses, o Inpe apontou que 3.534 km² de florestas foram devastadas. No período anterior (agosto de 2007 a junho de 2008), haviam sido detectados 7.817 km² de florestas derrubadas.

A conta só não pode ser simplificada assim porque a leitura anual, chamada de Prodes, considera apenas os locais onde a floresta foi completamente derrubada – o conhecido “corte raso” –, enquanto a leitura mensal, chamada de DETER (Detecção do Desmatamento em Tempo Real), inclui os locais onde a mata foi parcialmente destruída – a tecnicamente denominada “degradação florestal”.

Outra diferença entre as duas estatísticas é que o Prodes utiliza imagens de resolução melhor que o Deter, conseguindo verificar desmatamentos menores.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Ocupação ilegal de terras favorece desmatamento em Rondônia


Quarenta anos de desmatamento, queimadas e rebanhos ilegais: quase metade da floresta amazônica existente em Rondônia foi devastada pelas mãos de garimpeiros, pecuaristas, grileiros. Nem as áreas protegidas - e proibidas - escapam.

Entre os estados amazônicos, Rondônia é o que mais sofreu com o desmatamento. Dados recentes do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia mostram que, entre agosto de 2007 e agosto de 2008, a destruição da floresta aumentou cerca de 23%. Ao todo, 38% da vegetação desapareceram. Depois das áreas particulares, o desmatamento se concentra em unidades de proteção permanente e reservas indígenas.

A reportagem foi até uma fazenda dentro de uma reserva indígena. Quando se olha pela primeira vez, a impressão que se tem é de que no local nunca existiu uma árvore da Amazônia. O que era floresta virou pasto.

Na Floresta Nacional do Bom Futuro, há muitas clareiras. O avanço da pecuária desrespeita as regras do plano de uso sustentável da terra. É uma disputa complicada, de pelo menos duas décadas.

Em Alto Paraíso, a 200 quilômetros de Porto Velho é possível encontrar gente simples, mas que não se intimida - mesmo contrariando a lei. Vivem ali 3.500 mil famílias, como a do agricultor Antônio Bernardes. Ele diz que comprou a terra de um grileiro, sem saber que era proibido.

“Eu nunca tinha trabalhado na roça, mas vi uma possibilidade de ter uma terra. Fui à casa desse rapaz que disse que tinha terra para vender. Nunca ninguém veio falar que não podia. Acho que no início, quando eu tinha comprado, se chegasse e dissesse que não podia, eu sairia”, aponta o agricultor.

Mas nem todos foram enganados. “Achei que aqui era uma terra da União, como eu acho que é até hoje”, diz Eliseu, que mora há seis anos dentro da floresta nacional e não pretende retirar as 200 cabeças de gado criadas em sua fazenda.

“Eu adquiri o direito de posse. Rondônia só tem 18% de área escriturada, o resto, 82%, não tem documento algum. Em Rondônia é um problema sério isso”, justifica.

Derly trabalhou cinco anos na construção civil na Espanha. Comprou de um grileiro uma pequena área invadida dentro da floresta nacional. Ele corre o risco de perder todo o dinheiro que economizou no exterior: “Comprei de um rapaz. Aqui não tem escritura".

Uru-Eu-Wau-Wau

Não muito longe dali, um novo flagrante, agora na Terra Indígena de Uru-Eu-Wau-Wau. A maior fazenda ilegal em terras indígenas é de um empresário. “O dono mora em Ouro Preto. É difícil ele vir aqui”, aponta um funcionário.

"Temos aqui uma relação dos assentados pelo INCRA, na década de 1980. Nessa relação percebemos que a ocupação não é pelos assentados do INCRA. Após a demarcação, houve um esvaziamento. Servidores públicos, empresários da região foram adquirindo os lotes. Temos aqui agente penitenciário, funcionário do IBAMA", diz o responsável pelo setor do meio ambiente da FUNAI.

Rondônia é o estado amazônico mais desmatado


Quarenta anos de desmatamento, queimadas, rebanhos ilegais. Em Rondônia, quase metade da Amazônia foi devastada pelas mãos de garimpeiros, pecuaristas, grileiros. Nem as áreas protegidas - e proibidas - escapam.
Acompanhe os bastidores da reportagem sobre a operação contra o desmatamento em Rondônia
O cenário é de desolação. A floresta não existe mais. Foi cortada e queimada. É quase um deserto. Estamos mesmo na Amazônia?
A fazenda está dentro de uma reserva indígena. Quando se olha pela primeira vez, a impressão que se tem é de que no local nunca existiu uma árvore da Amazônia. O que era floresta, virou pasto.
Entre os estados amazônicos, Rondônia é o que mais sofreu com o desmatamento. Dados recentes do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia mostram que, entre agosto de 2007 e agosto de 2008, a destruição da floresta aumentou cerca de 23%. Ao todo, 38% da vegetação desapareceram. Depois das áreas particulares, o desmatamento se concentra em unidades de proteção permanente e reservas indígenas.
Na Floresta Nacional do Bom Futuro, há muitas clareiras. O avanço da pecuária desrespeita as regras do plano de uso sustentável da terra. É uma disputa complicada, de pelo menos duas décadas.
Em Alto Paraíso, a 200 quilômetros de Porto Velho, pegamos a estrada de terra. Encontramos gente simples, mas que não se intimida - mesmo contrariando a lei. Há 3,5 mil famílias, como a do agricultor Antônio Bernardes. Ele diz que comprou a terra de um grileiro, sem saber que era proibido.
"Eu nunca tinha trabalhado na roça. Mas vi uma possibilidade de ter uma terra. Fui à casa desse rapaz que disse que tinha terra para vender. Nunca ninguém veio falar que não podia. Acho que no início, quando eu tinha comprado, se chegasse e dissesse que não podia, eu sairia", aponta o agricultor.
Nem todos foram enganados: "Achei aqui que era uma terra da União, como eu acho que é até hoje". Eliseu mora há seis anos dentro da Floresta Nacional. Não pretende retirar as 200 cabeças de gado criadas em sua fazenda.
"Eu adquiri o direito de posse. Rondônia só tem 18% de área escriturada, o resto, 82%, não têm documento algum. Em Rondônia é um problema sério isso", justifica.
Derly trabalhou cinco anos na construção civil na Espanha. Comprou de um grileiro uma pequena área invadida dentro da floresta nacional. Ele corre o risco de perder todo o dinheiro que economizou no exterior: "Comprei de um rapaz. Aqui não tem escritura".
Na próxima parada, um novo flagrante. Agora na terra indígena de Urueuwauwau. Com a equipe da Funai, visitamos a maior fazenda ilegal em terras indígenas. É de um empresário. "O dono mora em Ouro Preto. É difícil ele vir aqui", aponta um funcionário.
"Temos aqui uma relação dos assentados pelo Incra, na década de 1980. Nessa relação percebemos que a ocupação não é pelos assentados do Incra. Após a demarcação, houve um esvaziamento. Servidores públicos, empresários da região foram adquirindo os lotes. Temos aqui agente penitenciário, funcionário do Ibama", diz o responsável pelo setor do meio ambiente da Funai.
São moradores que sabem como funciona o sistema e que encontraram, primeiro, na exploração da madeira, depois, na pecuária, uma forma de enriquecer.
"A pecuária é a cultura que mais prejudica a floresta, porque faz o corte raso. Ela tem grandes extensões, então ela tira toda a floresta, ela mata os animais, então ela traz uma série de prejuízos à biodiversidade", explica a representante da ONG Kanindé.
E pensar que um dia, tudo isso foi Amazônia

Economia ecológica é tema de debate de encontro nacional em Cuiabá

Difundir e construir a Economia Ecológica no Brasil, por intermédio da integração de seus associados e entre congêneres de outros países. Este é o objetivo do VIII Encontro Nacional da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica, em Cuiabá. O evento acontece de 05 a 07 de agosto, no Hotel Fazenda Mato Grosso e vai reunir professores, pesquisadores nacionais e internacionais, estudantes, agentes do governo e estudiosos sobre o assunto.

O tema escolhido para o EcoEco é “Aplicando a Economia Ecológica para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”, com o propósito de debater a questão da conservação do capital natural no contexto das políticas públicas em curso na Amazônia brasileira.

Na realização dos Encontros Nacionais, o EcoEco tem como meta compreender em sua complexidade as diferentes especificidades regionais, no que tange aos problemas socioambientais do desenvolvimento econômico ou as peculiaridades das políticas públicas em implantação, em especial aquelas específicas para a área socioambiental.

A importância da realização deste evento em Mato Grosso se dá levando em consideração que a fronteira agrícola e pecuária no estado avança rapidamente sobre a Amazônia, o que representa uma porta de entrada ao processo de devastação do ecossistema natural e da integridade socioambiental da região. Aliado às obras de infra-estrutura previstas e realizadas, a exemplo dos outros estados do centro-oeste e norte brasileiro, isso representa uma real ameaça às alternativas sustentáveis de utilização da floresta.

O VIII Encontro da EcoEco chama atenção para a necessidade de se inserir efetivamente os princípios, os métodos, os instrumentos, as concepções e as propostas da Economia Ecológica nas alternativas sobre o processo de desenvolvimento da Amazônia brasileira.

SUSTENTABILIDADE – A Sociedade Brasileira de Economia Ecológica (EcoEco) foi fundada em 1994. Suas origens remontam as discussões iniciadas durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, a ECO-92, onde economistas, ecologistas e estudiosos do país, reunidos em uma série de encontros, constataram que no Brasil pouco se conhecia sobre a relação entre economia e meio ambiente, um campo do saber que já havia tomado corpo na Europa e Estados Unidos.

Em sua missão de difundir e construir a Economia Ecológica no Brasil, por intermédio da integração de seus associados e entre congêneres de outros países, a EcoEco promove seus Encontros bienais de âmbito Nacional, além de estimular a participação de brasileiros nos Congressos Internacionais da ISEE (International Society for Ecological Economics) e de entidades Iberoamericanas, através do vínculo com a Rede Iberoamericana de Economia Ecológica (Redibec), que conta com revista on-line na área.


A EcoEco é uma sociedade científica, sem fins lucrativos, voltada à organização e estruturação no Brasil do campo de estudo e conhecimento interdisciplinar denominado “economia ecológica” que visa a integração entre os distintos campos disciplinares como o da física (termodinâmica), da ecologia (resiliência), sociologia (eqüidade) e da economia (escala, decrescimento). A organização tem como objetivo promover um espaço de aproximação e interlocução entre pesquisadores e instituições, bem como divulgar os estudos desenvolvidos nesse campo, incentivando assim o debate acadêmico e as orientações de políticas públicas para a problemática da relação entre economia e meio ambiente.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Floresta amazônica tem 157 km² devastados em maio

Relatório divulgado nesta sexta-feira (3) pela ONG Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) aponta que a Amazônia perdeu 157 quilômetros quadrados de floresta em maio. A área equivale a cerca de dez vezes a área do Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Isso representa uma queda de 47% em relação a maio de 2008, quando o desmatamento detectado foi de 294 quilômetros quadrados.

O desmatamento acumulado de agosto de 2008 a maio de 2009 é de 1.084 quilômetros quadrados. Em relação ao desmatamento ocorrido no mesmo período do ano anterior (4.143 quilômetros quadrados) houve uma redução de 74%.

O Imazon ressalva que devido à cobertura de nuvens, não foi possível monitorar 43% da Amazônia Legal. A região não mapeada corresponde à quase totalidade do Amapá, 68% do Pará, 48% do Amazonas, 41% do Acre, 38% de Roraima e 35% de Rondônia. Por outro lado, apenas 5% do território do Tocantins e de Mato Grosso estavam cobertos. Além disso, parte do Maranhão que integra a Amazônia Legal não foi analisada.

Segundo o relatório da organização, em maior de 2009 o desmatamento foi maior no Pará (37%), seguido de Mato Grosso (27%), Roraima (20%) e, menor em Rondônia (8%), Amazonas (5%), Tocantins (2%) e Acre (1%).

O Imazon monitora também as florestas degradadas (que estão sendo exploradas pelo homem, mas ainda não foram totalmente derrubadas). Elas somaram em maio de 2009 215 quilômetros quadrados. Desse total, 81% ocorreram no Mato Grosso, 13% no Pará, 4% em Rondônia e 2% no Amazonas.

O Imazon observa que Roraima permanece a maior parte do ano coberto por nuvens, dificultando o monitoramento do desmatamento. No entanto, em maio de 2009, houve uma redução da cobertura, possibilitando o monitoramento em 62% do seu território. Por isso, parte do desmatamento detectado nesse período pode ter ocorrido em meses anteriores.

Peru aprova projeto petrolífero em área florestal da amazônia


O governo peruano deu luz verde para a empresa Anglo-Francesa perfurar em busca de petróleo na Amazônia apenas treze dias depois de mais de 30 pessoas morrerem em protestos contra a exploração da floresta tropical. As informaçoes são da Ong Survival.

O projeto, localizado em uma região habitada por duas tribos de índios isolados, é considerado a maior descoberta de petróleo do Peru nos últimos trinta anos. A empresa Perenco, uma das maiores abastecedores para o Reino Unido, negou anteriormente que nenhum índio isolado vivesse em tais terras.

Até recentemente, Perenco esteve bloqueada por protestantes indígenas. Mas com a ajuda das forças armadas peruanas, a empresa conseguiu quebrar o bloqueio em ao menos uma ocasião.

Altos funcionários do governo peruano esperam uma transformação na economia peruana com base no projeto da Perenco. Enquanto os protestos em contra da empresa aconteciam, o presidente da Perenco, François Perrodo, formado na Universidade de Oxford e descendente de uma das famílias mais ricas da França, se encontrou com o presidente peruano Garcia, em Lima, comprometendo-se à um investimento de dois bilhões de dólares no projeto.

A luz verde do governo é dada apenas alguns dias depois que protestos em diferentes áreas do norte do Peru foram barrados violentamente pela força policial, causando mortes de policiais e protestantes indígenas. Os números exatos ainda são desconhecidos.

Perenco pretende construir novas plataformas e poços, incluindo apoio logístico aéreo que entre outras coisas cobre 42.000 sacos de cimento. A companhia admite que a ‘contaminação do solo’, ‘contaminação da água, e a fuga de caça e aves são possíveis conseqüências do seu trabalho.

Desmatamento cai 47% na Amazônia Legal em maio de 2009

O Acre foi o Estado que menos contribuiu para o desmatamento da Amazônia em maio de 2009, com índice de 1%, segundo pesquisa realizada pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Em comparação ao mesmo mês do ano passado, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) verificou recuo de 47% em toda a região. Em 2008 o desmatamento foi de 294 quilômetros quadrados contra 157 quilômetros registrados este ano.

Ao considerar o período entre agosto de 2008 e maio de 2009 a queda do desmatamento acumulado chega a 74%, alcançando 1.084 quilômetros quadrados. No mesmo período do ano anterior foram desmatados 4.143 quilômetros quadrados de área da Amazônia Legal.

Já no mês de maio de 2009 Rondônia e Amazonas também são responsáveis por índices menores de desmatamentos, com 8% e 5% respectivamente, puxando os índices para baixo. Já os Estados do Pará, Mato Grosso e Roraima apresentaram índices iguais ou superiores a 20%.

O Imazon é um instituto de pesquisa sem fins lucrativos, qualificado pelo Ministério da Justiça como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que tem a missão de promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia por meio de estudos e divulgar informações da área e formação profissional.

Desmatamento cai 47% na Amazônia Legal em maio de 2009

O Acre foi o Estado que menos contribuiu para o desmatamento da Amazônia em maio de 2009, com índice de 1%, segundo pesquisa realizada pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Em comparação ao mesmo mês do ano passado, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) verificou recuo de 47% em toda a região. Em 2008 o desmatamento foi de 294 quilômetros quadrados contra 157 quilômetros registrados este ano.

Ao considerar o período entre agosto de 2008 e maio de 2009 a queda do desmatamento acumulado chega a 74%, alcançando 1.084 quilômetros quadrados. No mesmo período do ano anterior foram desmatados 4.143 quilômetros quadrados de área da Amazônia Legal.

Já no mês de maio de 2009 Rondônia e Amazonas também são responsáveis por índices menores de desmatamentos, com 8% e 5% respectivamente, puxando os índices para baixo. Já os Estados do Pará, Mato Grosso e Roraima apresentaram índices iguais ou superiores a 20%.

O Imazon é um instituto de pesquisa sem fins lucrativos, qualificado pelo Ministério da Justiça como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que tem a missão de promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia por meio de estudos e divulgar informações da área e formação profissional.

Desmate anual na Amazônia tem queda de 74%, diz Imazon

O desmatamento acumulado na Amazônia Legal de agosto de 2008 a maio deste ano (1.084 km2) caiu 74% em relação ao mesmo intervalo de tempo anterior (4.143 km 2), segundo dados divulgados ontem pela ONG Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia).

A queda foi de 47% quando comparado o desmate em maio deste ano em relação ao mesmo mês de 2008.
Foram 157 km2 de mata derrubados em nove Estados (AC, AM, AP, MA, MT, PA, TO, RO e RR) em comparação aos 294 km2 de 2008.

De acordo com o Imazon, o Estado que teve a maior área destruída foi novamente o Pará (37% do total), seguido de Mato Grosso (27%) e Roraima (20%). A cidade campeã foi Novo Progresso (PA), com 28,7 km 2.
Os números, baseados em um sistema independente de monitoramento, o SAD, vão na mesma direção do que vem sendo divulgado por órgãos governamentais.

Para Adalberto Veríssimo, um dos pesquisadores da ONG, a tendência de diminuição do desmatamento começou em julho do ano passado, como reflexo de um pacote de medidas adotado pelo governo federal meses antes, e se aprofundou com a crise econômica mundial e com as chuvas na região.

A AMAZÔNIA

Localização, tamanho e clima

A Amazônia está situada em sua porção centro-norte; é cortada pela linha equatorial e, portanto, compreendida em área de baixas latitudes. Ocupa cerca de 2/5 do continente e mais da metade do Brasil. Inclui 9 países (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela). A Amazônia brasileira compreende 3.581 Km2, o que equivale a 42,07% do país. A chamada Amazônia Legal é maior ainda, cobrindo 60% do território em um total de cinco milhões de Km2. Ela abrange os estados do Amazonas, Acre, Amapá, oeste do Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Roraima e Tocantins.

O clima é do tipo equatorial, quente e úmido, com a temperatura variando pouco durante o ano, em torno de 26ºC.Árvores da floresta amazônica. É muito comum na região, os períodos de chuva provocados em grande parte pelo vapor d'água trazido do leste pelos ventos.

A grande bacia fluvial do Amazonas possui 1/5 da disponibilidade mundial de água doce e é recoberta pela maior floresta equatorial do mundo, correspondendo a 1/3 das reservas florestais da Terra. Floresta Amazônica.

Apesar de ser o maior estado brasileiro (Amazonas), possui a menor densidade demográfica humana, com menos de 10% da população do país, 7.652.500 habitantes.
Meios de transportes e Zona Franca

O transporte fluvial é ainda o mais importante, mas começa a ser complementado pelas rodovias federais, como a Transamazônica, a Belém - Brasília e a Manaus - Porto Velho. O aeroporto de Manaus tornou-se um dos principais do país em volume de carga embarcada, sendo utilizado para o escoamento da produção das indústrias eletrônicas da Zona Franca, estabelecida em 1967 como área livre de importação e exportação. Nessa área, as mercadorias procedentes do exterior não pagam impostos de importação, quando se destinam ao consumo local, às indústrias da região, ou à reestocagem para reexportação.

Economia

A economia é dominada pelo extrativismo vegetal, exercido sobre uma flora com enorme variedade de espécies. Além da seringueira e do caucho, de onde se extrai a borracha, são coletadas a castanha-do-pará, vários tipos de madeira, gomas, guaraná, babaçu, malva e muitas outras. O extrativismo mineral, de gemas e pedras preciosas começa a assumir maior importância, já que a região possui inúmeros recursos, até hoje pouco explorados: ouro no Pará, no Amazonas, em Roraima e no Amapá; ferro no Pará (serra dos Carajás), no Amapá e no Amazonas; sal-gema no Amazonas e no Pará; manganês no Amapá (serra do Navio), no Pará e no Amazonas; bauxita no Pará (Oriximiná, no rio Trombetas, e em Tucuruí), além de calcário, cassiterita, linhita, gipsita, cobre, estanho, chumbo, caulim, diamante e níquel.

Na agricultura, as principais lavouras são as de juta, pimenta-do-reino, arroz, milho, cacau e mandioca. A criação de gado bovino concentra-se na região de Marajó, nos arredores de Porto Velho (Roraima), no Amapá e no norte dos Estados de Tocantins e Mato Grosso. A pesca do pirarucu e de outros peixes serve ao consumo local. Várias hidrelétricas, como as de Tucuruí, no rio Tocantins, no Estado do Pará, e a de Balbina, no Estado do Amazonas, próxima de Manaus, foram construídas.
Desmatamento da Floresta Amazônica

A Amazônia abriga 33% das florestas tropicais do planeta e cerca de 30% das espécies conhecidas de flora e fauna. Hoje, a área total vítima do desmatamento da floresta corresponde a mais de 350 mil Km2, a um ritmo de 20 hectares por minuto, 30 mil por dia e 8 milhões por ano. Com esse processo, diversas espécies, muitas delas nem sequer identificadas pelo homem, desapareceram da Amazônia. Sobretudo a partir de 1988, desencadeou-se uma discussão internacional a respeito do papel da Amazônia no equilíbrio da biosfera e das conseqüências da devastação que, segundo os especialistas, pode inclusive alterar o clima da Terra.

Incêndio na floresta - Queimada para desmatamento Corte da madeira. Desmatamento da Amazônia.

Povos primitivos

A Amazônia é um dos poucos redutos do planeta onde ainda vivem povos humanos primitivos, dezenas de tribos que espalham-se em territórios dentro da mata, mantendo seus próprios costumes, linguagens e culturas, inalterados por milhares de anos. Antropólogos acreditam que ainda existam povos primitivos desconhecidos, vivendo nas regiões mais inóspitas e inacessíveis. As características do clima e do solo da região amazônica, pouco propícias à conservação de materiais, não deixaram muitos vestígios sobre a vida dos povos pré-colombianos. Mas o patrimônio arqueológico é precioso, com registros que chegam a 10.000 a.C. A riqueza da cerâmica, com suas pinturas elaboradas, demonstra que muitos desses povos atingiram um estágio avançado de organização social, sempre guiados por uma forte relação com a natureza.

Folclore


As origens do folclore da região amazônica se perdem no tempo, mas as raízes negras, indígenas e africanas continuam presentes e são encontradas em diversas manifestações culturais, mostrando influência de todos esses povos, transformada em rituais próprios e característicos da região. Na dança, na música como o carimbó, marabaixo e o boi-bumbá.

Tribos Indígenas:

* Arara
* Bororo
* Gavião
* Katukina
* Kayapó
* Kulína
* Marubo
* Sateré - Mawé
* Tenharim
* Tikuna
* Tukâno
* Wai-Wai
* Yanomami

Chuvas e inundações na bacia amazônica


A bacia amazônica é um dos locais mais chuvosos do planeta, com índices pluviométricos anuais de mais de 2.000 mm por ano, podendo atingir 10.000 mm em algumas regiões. Durante os meses de chuva, a partir de dezembro, as águas sobem em média 10 metros, podendo atingir 18 metros em algumas áreas. Isso significa que durante metade do tempo, grande parte da planície amazônica fica submersa, caracterizando a maior área de floresta inundada do planeta, cobrindo uma área de 700.000 Km2.

Rio Amazonas

Rios da Amazônia. Em 1541, o espanhol Francisco de Orellana e seus homens navegavam no rio Napo (que desemboca em outro rio maior), a leste dos Andes. Passaram-se meses, e era incontável o número de afluentes que engrossavam as águas do imenso rio. A certa altura, a embarcação é atacada por um grupo de indígenas, que disparam flechas envenenadas. Orellana dá ordem para seus homens desviarem o barco, afastando-o do alcance dos índios. Após safar-se do perigo, Orellana, impressionado com o aspecto dos indígenas, que acredita serem mulheres, lembra-se das Amazonas - as guerreiras da mitologia grega - e batiza o rio que passa a se chamar rio das Amazonas.

O rio Amazonas começa no Peru, na confluência dos rios Ucayali e Maranõn. Entra no Brasil com o nome de Solimões e passa a chamar-se Amazonas quando recebe as águas do rio Negro, no interior do Estado do Amazonas.

No período das chuvas, os rio chega a crescer 16 metros acima de seu nível normal e inunda vastas extensões da planície, arrastando consigo terras e trechos da floresta. Sua largura média é de 12 quilômetros, atingindo freqüentemente mais de 60 quilômetros durante a época de cheia. As áreas alagadas influenciadas pela rede hídrica do Amazonas, formam uma bacia de inundação muito maior que muitos países da Europa juntos. Apenas a ilha do Marajó, na foz do Amazonas, é maior que a Suíça.

O rio Amazonas conta com mais de 1.000 afluentes e é o maior e mais largo rio do mundo e o principal responsável pelo desenvolvimento da floresta Amazônica. O volume de suas águas representa 20% de toda a água presente nos rios do planeta. Têm extensão de 6.400 quilômetros, vazão de 190.000 metros cúbicos por segundo (16 vezes maior que a do rio Nilo). Na foz, onde deságua no mar, a sua largura é de 320 quilômetros. A profundidade média é de 30 a 40 metros.

O rio Amazonas disputa com o Nilo o título de maior rio do mundo, mas é imbatível em volume d'água. Recebe cerca de 200.00 Km2 água por segundo e, em alguns pontos, o rio é tão largo que não dá para ver a outra margem.
Pororoca

Na foz do rio Amazonas, quando a maré sobe, ocorrem choques de águas, elevando vagalhões que podem ocasionar naufrágios e são ouvidos a quilômetros de distância, é a pororoca.

O volume de água do rio Amazonas é tão grande que sua foz, ao contrário dos outros rios, consegue empurrar a água do mar por muitos quilômetros. O oceano atlântico só consegue reverter isso durante a lua nova quando, finalmente, vence a resistência do rio. O choque entre as águas provoca ondas que podem alcançar até 5m e avança rio adentro. Este choque das águas tem uma força tão grande que é capaz de derrubar árvores e modificar o leito do rio.

No dialeto indígena do baixo Amazonas o fenômeno da pororoca tem o seu significado exato, poroc-poroc, que significa destruidor.

Embora a pororoca aconteça todos os dias, o período de maior intensidade no Brasil acontece entre janeiro e maio e não é um fenômeno exclusivo do Amazonas. Acontece nos estuários rasos de todos rios que desembocam no golfo amazônico e no rio Araguari, no litoral do Estado do Amapá, e também nos rios Sena e Ganges.
Rio Negro

Suas águas são mesmo muito escuras. Isso acontece por causa da decomposição da matéria orgânica vegetal que cobre o solo das florestas e é carregada pela inundações.

Como a água é muito ácida e pobre em nutrientes, é este processo que garante a maior parte dos alimentos consumidos pela fauna aquática.
Rio Solimões

Quando o rio Solimões se encontra com o Negro (ganhando o nome de rio Amazonas), ele fica bicolor. Isso acontece por que as águas, com cores contrastantes, percorrem vários quilômetros sem se misturar.