quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Floresta reduzida

Pressão de governos estaduais extingue 29 áreas protegidas na Amazônia

amazonia reduzidaUm estudo – "Ameaças formais contra as Áreas Protegidas na Amazônia" –, produzido pelos pesquisadores Paulo Barreto e Elis Araújo, ambos do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), aponta: 29 áreas protegidas na Amazônia foram reduzidas ou extintas entre 2008 e 2009.

A razão: a pressão de madeireiros, fazendeiros e dos próprios governos estaduais da região. O total de florestas perdidas no processo foi de 49 mil quilômetros quadrados (ou quase a área total do Rio Grande do Norte). A íntegra do estudo pode ser conferida no http://www.amazonia.org.br/arquivos/364632.pdf.

O trabalho analisou 37 iniciativas formais para reduzir – em tamanho ou grau de proteção – 48 Áreas Protegidas da Amazônia.  O relatório indica que, para se reduzir as áreas protegidas, foram utilizados diversos instrumentos legais, como projetos legislativos, ações judiciais, decretos do executivo e até mesmo o zoneamento ecológico econômico (ZEE).

Rondônia foi o Estado que reduziu o maior número de área protegidas.  Foram duas unidades de conservação e outras dez extintas. O relatório destaca ainda, no Estado de Mato Grosso, reduções motivadas pela existência de títulos de posse ou propriedade anteriores à criação das UCs, sem falar nos projetos de infraestrutura como estradas e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs).

Para os pesquisadores, a manutenção de unidades de conservação é crucial para proteger a biodiversidade e reduzir o desmatamento na Amazônia.  O estudo sugere iniciativas para assegurar a integridade das áreas protegidas.

"Recomendamos punir rapidamente os crimes ambientais; consolidar esses espaços promovendo atividades econômicas sustentáveis e sua regularização fundiária; e utilizar o rigor técnico e legal para eventuais alterações", conclui os pesquisadores no relatório final.

domingo, 15 de agosto de 2010

Amazônia: aspecto negativo da pecuária é analisado

PECUARIA_AMAZONIAUm estudo de caso realizado em Xapuri (AC) concluiu que o incessante aumento do consumo de carne bovina no mundo contribuiu para que a pecuária assumisse um papel central na economia da Amazônia, com impactos ambientais negativos.
Segundo a pesquisa, a exploração de produtos alternativos em determinadas regiões poderia atrair os produtores para outras atividades ao limitar a criação de gado e reduzir a produção sobre a floresta. No entanto, as políticas públicas de valorização das atividades amazônicas têm sido insuficientes para conter o avanço das pastagens.
O estudo foi desenvolvido por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e também correspondeu à dissertação de mestrado de Gabriela Bordini Prado, sob orientação da professora Helena Ribeiro, do Departamento de Saúde Ambiental da FSP-USP.
Ao relacionar dados sobre desnutrição, consumo de carne bovina e desmatamento para criação de pastagens, o trabalho teve o objetivo de avaliar as motivações da crescente pecuarização em território acriano. A literatura científica mostra que vastas áreas da Amazônia foram ocupadas por pastagens nas últimas décadas. Atualmente, cerca de 40% do abate bovino no Brasil (maior exportador mundial de carne) são provenientes da região amazônica.
“Nosso objetivo foi compreender a dinâmica da produção de gado na região. O consumo de carne vem crescendo aceleradamente no Brasil e no mundo e está associado ao aumento de doenças como a obesidade e o câncer colorretal. Por outro lado, é apontado também como um importante fator de desmatamento na Amazônia”, explicou Helena à Agência Fapesp.


Ineficiente


De acordo com a professora da FSP-USP, o consumo de carne, em ascensão, gera um mercado cada vez mais robusto e impulsiona o valor da mercadoria. No entanto é altamente ineficiente como alternativa alimentar.
“Um hectare de terra utilizada para a pecuária produz 34 quilos de carne. Na mesma área é possível produzir 6.500 quilos de milho, ou 3.800 quilos de feijão. Assim, uma região de pastagens poderia alimentar uma parcela maior da população, sem necessidade de desmatamento e ocupação de novas terras. Além disso, a dieta baseada em cereais diminuiria os impactos na saúde”, exemplificou Helena.
Além de dados da literatura internacional sobre o desmatamento na Amazônia, o estudo utilizou como base informações sobre desnutrição, consumo de carne e produção de alimentos no mundo do Escritório Regional da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).


Outro lado


O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, afirmou em 29 de julho, que é preciso compatibilizar o aumento da produção de alimentos no país com a preservação do meio ambiente. Segundo ele, o governo tem estimulado práticas de não agressão ao meio ambiente, mas é preciso “ter os pés no chão”.
“As pessoas que, às vezes, defendem a natureza têm uma boa intenção, mas não conhecem o processo produtivo rural, não são capazes de entender que é perfeitamente possível compatibilizar [produção e preservação]. Ninguém quer que haja erosão, assoreamento, ninguém deixa de proteger um manancial na sua propriedade. Quem mais preserva no Brasil é o produtor rural”, ressaltou, ao comentar o novo Código Florestal brasileiro.

sábado, 31 de julho de 2010

Queimadas já cresceram 58% e atingem reservas florestais

queimadasAs queimadas já cresceram 58% em todo o País em relação ao ano passado, com o registro de 16.887 focos pelo satélite de referência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). E o fato mais grave é que o número de áreas de conservação atingidas pelos focos de incêndio mais do que dobrou nos últimos dias. Somente nesta quinta-feira, 78 reservas florestais foram atingidas pelo fogo.

Entre as reservas queimadas estão a Serra do Lajeado, em Tocantins, a Chapada das Mesas, no Maranhão, a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, Nascentes da Serra do Cachimbo, no Pará. Das matas deterioradas pelo fogo apenas na quinta-feira, 41 são federais, 22 em reservas da Funai, 13 são estaduais e 2 pertencentes a outras entidades.

O Mato Grosso, que libera no ano em número de queimadas, com 4.013 focos, colocou em risco 13 áreas de preservação. Os focos de incêndio atingiram ainda 21 áreas matas no Pará, 10 em Rondônia, 10 no Amazonas, 9 em Tocantins, 8 no Maranhão e 4 em São Paulo. Acre, Distrito Federal, Goiás, Minas e Mato Grosso do Sul tiveram uma área de preservação, cada um, incendiadas.

Das unidades da federação, 16 aumentaram o número de queimadas e apenas 11 reduziram. Depois do Mato Grosso, Tocantins (com 2.385 focos) Bahia (1.432), Minas (1.142), Maranhão (1.127), Pará (1.032) e Goiás (1.006) lideram a vanguarda do atraso este ano.

De acordo com Alberto Setzer, especialista do Inpe, as reservas florestais queimam praticamente todos os anos, o que dificulta a sua recuperação. Em alguns Estados a determinações legais ou acordos para a redução do número de queimadas. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, medidas surtiram efeito e o Estado reduziu em 40% os focos. Já em São Paulo, onde há um acordo com canavieiros, foi detectado um aumento de 7%.

Em 24 horas, Rondônia registra 319 focos de queimadas

queimada18rondoniaO tempo seco – típico desta época do ano no sul da Amazônia – está agravando e muito os focos de queimadas em Rondônia. Dados de satélites monitorados pelo CPTEC/INPE (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos) do (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) revelaram que entre a 0 hora (UTC) de ontem (29) e a 0 hora (UTC) desta sexta-feira, foram computados em solo rondoniense 319 focos de queimadas, a maioria em áreas de matas e pastagens.


No mesmo período de avaliação, Mato Grosso liderou o ranking nacional, com 627 focos, seguido de Tocantins, com 512 focos, Maranhão, com 491 focos, Piauí, com 486 focos e Pará, com 412 focos.

Em todo o Brasil, os satélites captaram 3813 focos de queimadas, também no mesmo período, enquanto países vizinhos como Bolívia e Paraguai registraram 1564 e 448, respectivamente.

Desde o dia 1° de julho, Rondônia acumula 445 focos de queimadas. Em 2009 no mesmo período foram computados 59 focos e em 2006, 683 focos de incêndio, em um dos anos mais tórridos da história da 'terra de Rondon'.

O sensor MODIS, do satélite AQUA da NASA (Agência Espacial Americana) conseguiu identificar focos de queimadas dentro da ‘Floresta Nacional do Bom Futuro’ e em todas as imediações de Porto Velho, além de áreas no interior do Estado.

Ab’Saber critica novo Código Florestal na SBPC

Para o geógrafo da USP, caatinga e cerrado precisam ser incluídos na nova proposta; ele pede união dos cientistas para impedir essa “reforma estúpida”

 
ad'saberA revisão proposta para o Código Florestal é uma estupidez. A afirmação é do cientista Aziz Ab’Saber, 86, professor emérito da Universidade de São Paulo (USP). O geógrafo, conhecido por ter opinião contundente sobre questões relativas à Amazônia, sacudiu a plateia durante a conferência-homenagem na 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Natal.


Um dos pontos da proposta de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) que mais preocupam Ab’Saber é a fixação de limites para a preservação das margens dos rios e a tentativa da “bancada ruralista” de diminuir o percentual da Reserva Legal na Amazônia. Segundo ele, cada propriedade rural naquela região precisa preservar 80% de desmatamento em seu território. Em seu texto, o deputado propõe diminuir para 20%.

“É um retrato do que já aconteceu no Sudeste, com áreas totalmente destruídas. Não podemos permitir o mesmo na Amazônia”, diz o geógrafo da USP. Para ele, uma revisão do Código Florestal “precisa ser liderada por gente que conhece o assunto, o que, infelizmente, não é o caso”. Ele vai publicar esta semana um artigo com pesadas críticas ao texto de Rebelo.

Ab’Saber recebeu homenagem da SBPC por suas contribuições ao avanço da ciência no Brasil. “Um grande humanista”, declarou o presidente da entidade, Marco Antonio Raupp. O geógrafo é considerado referência nos estudos de geomorfologia e meio ambiente, e desenvolveu centenas de pesquisas e tratados de relevância internacional nas áreas de ecologia, biologia evolutiva, fitogeografia, geologia, arqueologia e geografia.

Com tamanha experiência e produção científica na área, Ab’Saber assegura que o limite de sete metros e meio após a margem de rios é insuficiente se o objetivo é realmente preservar. “Os revisores aplicam esse limite sem sequer terem ido lá para conhecer o fantástico mosaico de rios do território regional”, afirmou. Para o geógrafo, é preciso levar em consideração as diferenças de cada região.

Um dos principais teóricos da classificação morfológica da geografia brasileira, Ab’Saber é explica que Caatinga, Pantanal, Cerrado, Araucárias, entre outros, são os chamados “domínios morfoclimáticos”. “Todos precisam ser considerados a partir de suas características específicas. Por isso, o Código Florestal deveria, nessa perspectiva, ser um ‘Código da biodiversidade’”, disse o geógrafo, para quem a discussão precisa ser ampliada, já que “caatinga não é floresta, cerrado não é floresta, e precisam ser incluídos no texto”.

Nem o governo federal escapou das criticas contundentes de Ab’Saber. Segundo ele, a proposta do Código da Biodiversidade foi enviada a Brasília, mas rejeitada por ser “complexa e inoportuna”. Para reverter esse quadro, o cientista conclama os demais intelectuais da sociedade brasileira. “Bastaria que os acadêmicos conscientes da estupidez que está sendo feita se unissem para impedir essa dita reforma”, finalizou.

Após ouvir atentamente as críticas do geógrafo, Marco Antonio Raupp declarou: "Esse é o Ab'Saber. Polêmico e provocador. Isso faz dele um cientista diferenciado". A reunião da SBPC está sendo realizada no campus da Universidade Federal do Rio Grande Norte (UFRN) e termina na sexta-feira, 30.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

172 km² de desmatamento

Imazon mostra que área de floresta destruída é igual a 107 vezes o Parque do Ibirapuera
 

desmatamentoInfelizmente, tudo pode piorar. O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), organização que faz um levantamento paralelo ao oficial da devastação na região amazônica, acaba de revelar: em junho, a destruição deste bioma chegou a 172 km². A maior parte do desmatamento ocorreu no Pará (67%). O restante aconteceu no Amazonas (13%), seguido de Mato Grosso (10%), Rondônia (8%), Acre (1%), Roraima (0,5%) e Tocantins (0,5%).

A área é equivalente a 107 vezes o tamanho do Parque Ibirapuera, em São Paulo. Ou, se preferir, a mais de 4 vezes o Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. Detalhe: devido à cobertura de nuvens, foi possível monitorar três quartos da área com cobertura florestal na Amazônia Legal. O restante não era visível nas imagens de satélite. Em abril e maio, juntos, já haviam sido detectados 161 km² de devastação na Amazônia Legal.

Na soma acumulada de agosto de 2009 a junho de 2010, que corresponde a 11 meses do calendário oficial de medição do desmatamento, a conta da destruição da floresta atingiu 1.333 km². Ou seja, um aumento de 8% em relação ao mesmo período do ano anterior (com 1.234 km² de devastação).

Projeto prevê uso sustentável de fruteiras da Amazônia

 
cupuacuAlgumas frutas nativas da Amazônia ainda são pouco utilizadas até por quem mora na região. Mesmo aquelas com reconhecidos benefícios à saúde e com potenciais econômicos. Diante deste cenário, a Embrapa Roraima, investe em um projeto que pode significar mudanças substanciais no aproveitamento das frutas nativas da Amazônia. O projeto, que tem o pesquisador Edvan Chagas a frente, foca na valoração e no desenvolvimento de tecnologias que viabilizem o uso sustentável de fruteiras subexploradas comercialmente, em especial o camu-camuzeiro, o taperebazeiro e o açaizeiro.

Neste sentido, serão executadas ações interdisciplinares envolvendo várias instituições de pesquisa, ensino e extensão, em parceria com o setor produtivo. Pela complexidade e pela diversidade de atividades, o projeto prevê a participação de especialistas de diversas linhas de pesquisa,sob a coordenação da Embrapa Roraima. Um dos planos de ação do projeto estabelece a prospecção, a coleta, a introdução, a conservação e a caracterização morfológica e molecular das fruteiras, com ênfase nas nativas dos biomas amazônicos.

O pesquisador explica que o trabalho prevê a prospecção e a introdução de acessos já previamente selecionados de espécies - em processo de domesticação – oriundas dos programas de melhoramento genético de fruteiras nativas do país e do exterior. "Outro objetivo é coletar germoplasmas das fruteiras nativas não só de Roraima, mas também de Rondônia, Amazonas e Pará com vistas ao enriquecimento da variabilidade genética e à formação e manutenção do Banco de Germoplasma de Fruteiras Nativas da Região Amazônica", complementa Edvan. As ações também incluem a conservação dos acessos que podem dar suporte aos atuais e futuros programas de melhoramento genético na Embrapa Roraima.

Em um terceiro plano de ação, o projeto foca no comportamento adaptativo de fruteiras nativas de Roraima estabelecido pelo estudo ecofisiológico de algumas cultivares e seleções, visando a recomendação de novos genótipos. Simultaneamente, serão realizados estudos de tecnologias que viabilizem a rápida propagação de fruteiras nativas, definindo metodologias de propagação seminífera e vegetativa de novas copas e porta-enxertos para fruteiras, sob a coordenação da Embrapa Amazônia Oriental.

Transferência de tecnologias

O projeto também contempla, sob a coordenação da Universidade Federal de Lavras (MG), aplicações de técnicas de cultura de tecidos que visam identificar as condições ideais de desinfecção, estabelecimento e micropropagação in vitro das espécies de fruteiras inseridas na pesquisa. Ao longo do projeto, será feita uma avaliação pós-colheita de fruteiras nativas da Amazônia, com o objetivo de realizar a caracterização física, química, nutricional, funcional, sensorial e microbiológica dos frutos.

Na sequência, em um trabalho coordenado pela Universidade Federal de Roraima, vai se estabelecer a temperatura e o tempo de conservação refrigerada das espécies coletadas no início do projeto. Por fim, as ações estabelecem a transferência e difusão de tecnologias, com o objetivo de auxiliar na divulgação dos resultados obtidos a longo do projeto. “Neste arranjo, acreditamos que será possível somar esforços e obter excelentes resultados e impulsionar a fruticultura nativa da região Amazônica”, avalia Edvan.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Desmatamento na Amazônia cresceu 15% em junho, de acordo com Imazon

madeira_novoO desmatamento na Amazônia voltou a subir em junho, de acordo com levantamento da organização não governamental Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Os satélites registraram 172 quilômetros quadrados de derrubada da mata, aumento de 15% em relação a junho de 2009.

O Pará liderou o desmatamento no mês, com 115 quilômetros quadrados de floresta devastada (67% do total de junho), seguido pelo Amazonas, com perda de 22 quilômetros quadrados, e por Mato Grosso, que reduziu em 18 quilômetros quadrados sua vegetação nativa.

Segundo o Imazon, em junho, o desmatamento ocorreu principalmente na região da BR-163, que liga Cuiabá, MT, a Santarém, PA, nos trechos entre os municípios paraenses de Itaituba, Novo Progresso e Altamira. A derrubada também se concentrou na rodovia Transamazônica, entre os municípios de Apuí e Humaitá, no Amazonas.

Faltando um mês para completar o calendário oficial do desmatamento, que vai de agosto de um ano a julho do outro, o Imazon aponta tendência de aumento na devastação da Amazônia. No acumulado entre agosto de 2009 e junho de 2010, o desmatamento detectado pela ONG foi de 1.333 quilômetros quadrados, 8% maior que a registrada no período anterior, quando a devastação medida foi de 1.234 quilômetros quadrados.

A tendência de aumento na perda da floresta, apontada pelo Imazon, vai na contramão do que mostram até agora as estimativas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável pelas estatísticas oficiais do desmatamento. Em maio, o Inpe detectou 109,6 quilômetros quadrados de novos desmatamentos, 12% menor que a área registrada pelos satélites no mesmo mês do ano passado.

Somados os primeiros dez meses do calendário oficial de desmatamento, houve redução de 47% da devastação em relação ao período anterior, de acordo com os alertas do sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe.

No entanto, a tendência de redução verificada a partir dos dados do Inpe – e comemorada pelo Ministério do Meio Ambiente – ainda não inclui os números da devastação em junho e julho, meses em que as motosserras avançam mais por causa do período seco, que facilita o corte e o transporte da madeira ilegal na região.

A taxa anual do desmatamento é calculada pelo Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), também do Inpe, e deve ser divulgada em outubro.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O desmatamento na Amazônia

comercio madeiraNão se trata ainda de uma vitória definitiva, mas a queda de 47% do desmatamento na Amazônia entre agosto de 2009 e maio de 2010, segundo dados obtidos por satélite pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), confirma a inflexão de uma tendência, que há alguns anos parecia avassaladora, de queimadas para abrir pastos ou campos de cultivo e a exploração predatória de madeira na maior reserva florestal do mundo. Em levantamento anterior, feito entre agosto de 2008 e julho de 2009, o sistema Deter do Inpe já havia indicado uma queda de 42% no desmate, uma proporção substancial, que agora se amplia.

Os dados precisam ainda ser referendados pelo Projeto Prodes de monitoramento da floresta amazônica por satélite, cujos dados são revelados anualmente, que mede áreas menores, de menos de 50 hectares, não captadas pelo sistema Deter. Há ainda receio de que, sendo este um ano eleitoral, possa haver ingerências indevidas para aproveitamento comercial de áreas de preservação, especialmente nos meses que precedem a estação das chuvas na região, que começa em outubro. Contudo, é animador constatar que a área desmatada na Amazônia, no período coberto pelo Deter, tenha sido de 1.567 km², área pouco maior que a do Município de São Paulo (1.522 km²).

Fator de importância decisiva para esse resultado foi o corte do crédito para pecuaristas que vinham invadindo áreas preservadas da floresta e que eram considerados os principais agentes do desmatamento. Houve protestos de ruralistas contra a medida, mas não faltou o apoio de ambientalistas e de parcelas da população mobilizadas pelos meios de comunicação ou por ONGs.

Sensíveis à pressão de consumidores, redes de supermercados deixaram de adquirir carne bovina procedente de áreas de ocupação irregular. Em seguida, os frigoríficos suspenderam relações comerciais com mais de 200 fornecedores cujos cadastros indicavam que os criatórios se localizavam no bioma amazônico. A expansão da soja na região é hoje um problema menor, depois da "moratória" negociada pelo Ministério do Meio Ambiente e associações de produtores rurais.

A greve de funcionários do Ibama este ano, paralisando operações previstas, afetou a fiscalização pelo órgão, mas as suas consequências foram menos danosas do que se antecipava. Tem tido continuidade a apreensão de madeira ilegalmente cortada, embora a atividade das chamadas madeireiras piratas não tenha cessado. A ação repressora tem sido facilitada pela colaboração da Polícia Federal e de órgãos estaduais de defesa do meio ambiente. Falhas são, porém, evidentes. Os Estados de Mato Grosso e Pará, onde a pecuária está mais enraizada, continuam ainda como líderes no desmatamento.

A colaboração das populações amazônicas, inclusive das comunidades indígenas, que têm sabido defender os seus direitos, tem sido também essencial. E, embora haja empecilhos burocráticos, o Banco do Brasil e o Banco da Amazônia (Basa) têm buscado ampliar o crédito para o manejo florestal e a produção sustentável, como a extração de látex para borracha, a pesca e a chamada agricultura de baixo impacto, com a assistência técnica da Embrapa.

Para os ambientalistas, a grande ameaça é a BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, numa extensão de 450 km. Uma parte dessa rodovia já foi asfaltada nas duas pontas, mas a conclusão do seu trecho central, de 400 km, passando pelo coração da selva, permanece suspensa. Teme-se que a nova ligação por asfalto tenha o mesmo efeito da rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163), que acelerou a devastação de matas no Pará.

O atual governo considera a Rodovia BR-319 como vital para a economia da região e a incluiu no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Os críticos, porém, afirmam que, por mais severas que sejam as exigências ambientais, se criando uma "estrada-parque" nada impediria o desenvolvimento de núcleos populacionais, levando, em consequência, a um maior desmate.

Acre lidera o ranking nacional do preço da gasolina e etanol

combustivel-etanolA gasolina mais cara é vendida no Acre, onde o litro custa R$ 2,98. Mesmo assim ainda é mais vantajoso abastecer com gasolina já que o etanol chega a 84,31% do valor da gasolina, tornando mais caro utilizar o etanol.

Segundo o levantamento, em São Paulo, o preço do etanol está em R$ 1,679, o que equivale a 56,23% do preço da gasolina.

Especialistas do setor automotivo afirmam que  o poder calorífico do motor a álcool equivale a 70% do poder nos motores à gasolina. Se ao dividir o valor do litro do álcool pelo da gasolina o resultado ficar acima de 0,70, vale a pena escolher a gasolina. Se ficar abaixo disso, ainda compensa o álcool. Vale lembrar que o modo de dirigir e o modelo do veículo influenciam no desempenho do carro. Se o etanol custar até 70% do preço da gasolina será competitivo.

Os estados onde o etanol está competitivo são Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Em Alagoas e no Rio Grande do Norte é indiferente a utilização de álcool ou gasolina no tanque. Nos demais dez estados, a gasolina segue competitiva.

No estado de São Paulo, que concentra quase 60% do consumo de etanol do país, o combustível apresenta a maior vantagem. Considerando o preço médio da gasolina de R$ 2,399 por litro, o etanol hidratado é competitivo até R$ 1,679 e, na média da ANP, o preço em São Paulo ficou em R$ 1,349 por litro, 19,66 % abaixo do ponto de equilíbrio entre gasolina e etanol.

domingo, 18 de julho de 2010

Floresta à venda

Alguns anos atrás era comum a extração de madeira e as serrarias5967261 estavam por toda parte. O discurso da preservação da Amazônia foi pouco a pouco sendo assimilado e diversas políticas públicas foram implementadas no sentido de coibir a devastação do meio ambiente com a maior biodiversidade do planeta.
No entanto, o que houve na verdade foi uma mudança de papéis. A extração que antes era realizada pelos pequenos agricultores espalhados pelo bioma amazônico foi dando lugar à empresas exportadoras de madeira. Os projetos de manejo florestal que, em tese, deveriam beneficiar os produtores rurais de forma que pudessem explorar a floresta de forma racional sem degradar o meio ambiente, na verdade beneficiam os grandes exportadores que exploram os pequenos proprietários das terras pagando somas irrisórias por madeira de alto valor no mercado internacional. 
Apesar da repressão ainda é comum ver enormes caminhões carregados com toras de madeira de lei trafegando pelas estradas na madrugada, burlando a fiscalização e transportando madeira ilegal. Madeira essa que é misturada a madeira retirada legalmente nos projetos de manejo e vendidas juntas como madeira certificada.
A "repressão" tirou a renda da floresta das mãos dos pobres e colocou nas mãos de poucos que conseguem as licenças e certificações junto à administração pública. Vejam por exemplo o anúncio da Catena & Castro no site: http://catenaecastro.com.br/
Fazenda de mata nativa totalmente regularizada, no Estado do Acre, com área total de 152.213 hectares, dividida em matrí­culas, perfeitamente discriminadas, com CCIR, com registro e averbação autorizado pelo Instituto do Meio Ambiente do Acre, efetivado em 2008. "Projeto de manejo sustentável já aprovado para execução em três fases, com a documentação 100% regularizada."
Ora, o que são 150 mil hectares por apenas 70 milhões de euros? Para os pequenos produtores conseguirem uma licença ambiental para projeto de manejo florestal é uma burocracia enorme. Quando é que o povo da floresta vai ser realmente dono de suas terras?
Leia o anúncio completo:
Fazenda com Madeira a Venda Acre Amazônia Brasil - 70 milhões de Euros.
Fazenda de mata nativa totalmente regularizada, no Estado do Acre, com área total de 152.213 hectares, dividida em matrí­culas, perfeitamente discriminadas, com CCIR, com registro e averbação autorizado pelo Instituto do Meio Ambiente do Acre, efetivado em 2008.
Projeto de manejo sustentável já aprovado para execução em três fases, com a documentação 100% regularizada, com autorização lavrada para extração de madeira (toras) acima de 50 cm de circunferência. Em levantamento na área foi constatado que cada hectare contém no mí­nimo 10 árvores com a espessura mí­nima para corte.
Para cada fase do projeto de manejo há a possibilidade de exploração de 50.737 hectares, com projeção de retirada de 1.522.110 m³ de madeira, possibilitando um retorno do capital investido de forma concreta e segura.
Includes: madeira amazônica - projeto de manejo - extração de madeira legalizada - projeto extração madeira dentro da lei - preservação selva com projeto de madeira - extração de madeira com preservação selva amazonas- floresta preservada com extração de madeira - floresta e projeto de extração madeira.
Maiores informações contate: http://primeproperty.catenaecastro.com.br/contact
Valor: Euros 70.000.000,00 (setenta milhões de euros)
Citação
http://primeproperty.catenaecastro.com.br/fazenda-com-madeira-venda-acre-amazonia-brasil