segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Em um mês, devastação da floresta amazônica cai 22%


Os 587,3 km2 derrubados em setembro equivalem a 40% da área da cidade de São Paulo.

A taxa do desmatamento do ano deve ser divulgada em novembro; a expectativa é que a queda registrada nos últimos três anos termine
Os satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registraram que a floresta amazônica perdeu em setembro uma área equivalente a 40% da cidade de São Paulo. O ritmo de abate das árvores foi, porém, 22% inferior ao medido em agosto pelo mesmo sistema.

"Está caindo, mas a redução é insuficiente, não fico contente, não lanço rojão", observou o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), ao comentar os dados do sistema Deter, de detecção do desmatamento em tempo real do Inpe, divulgados ontem.

Os dados não se prestam a medir com precisão a área desmatada, mas orientam a ação dos fiscais do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Em agosto e setembro, o Ibama aplicou multas no valor de R$ 212 milhões e embargou quase 37 mil hectares de terras.

Segundo o Inpe, mais da metade da área atacada na Amazônia em setembro (52,7%) foi classificada no grau mais radical de desmatamento. Outros 31,1% sofreram alto grau de degradação. Ou seja, em mais de 80% do total da área desmatada em setembro, a floresta estava praticamente destruída.

Com os 587,3 km2 desmatados em setembro, sobe para 6.268 km2 a área de desmate registrada pelo Deter em 2008. Isso equivale a mais de quatro vezes a cidade de São Paulo.

O Estado de Mato Grosso liderou o ranking da devastação em setembro. Mas é possível que o desmatamento no Pará tenha sido subestimado, porque 63% do Estado estava encoberto por nuvens no período, impedindo assim a visão dos satélites.

O desmatamento em setembro mantém uma tendência de queda em relação ao mesmo mês de 2006 e 2007.

A média do quadrimestre -período em que tradicionalmente há mais desmate- mantém a tendência de queda nos últimos quatro anos. Minc associa os resultados a medidas como o embargo de terras, produção em áreas desmatadas e bloqueio de crédito aos produtores que não regularizaram suas áreas.

A taxa do desmatamento do ano deve ser divulgada em novembro, baseada nos registros feitos pelo sistema Prodes entre agosto de 2007 e julho de 2008. A expectativa é que ela interrompa a queda dos três últimos anos.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O meio ambiente em parcelas

A imprensa costuma reservar os fins de semana para se preocupar com o meio ambiente e outros temas ligados à sustentabilidade. O assunto fica segregado, como se não fizesse parte das "questões sérias" como política e economia, que ocupam os espaços mais nobres.

No domingo (9/11), por exemplo, a Folha de S.Paulo traz reportagem sobre a descoberta de uma imensa diversidade biológica na região amazônica chamada de Calha Norte, área que vive ameaçada pela cobiça de madeireiras, mineradoras e por empresas do setor elétrico.

Uma sucessão de expedições para estudo do meio ambiente, financiada em parte por uma mineradora, revelou que, ao contrário do que pensavam os cientistas, a imensa biodiversidade aumenta ainda mais a necessidade de restringir atividades predatórias na região.

Ataques à floresta

Outra notícia trazida no fim de semana dá conta de que todo o esforço e os investimentos estimulados pelo governo brasileiro para o desenvolvimento de combustíveis de fonte renovável, como o etanol, podem ser inúteis se a devastação da Amazônia não for contida.

O lançamento de veículos com uso flexível de gasolina e álcool reduziu de fato as emissões de dióxido de carbono, mas os ganhos no combate ao aquecimento global se tornam irrelevantes diante da perda de florestas.

Reportagem publicada domingo (9) pelo Estado de S.Paulo revela que em apenas um mês de derrubadas na Amazônia são produzidas quantidades de CO2 equivalentes a tudo que foi conquistado em cinco anos de carros flex rodando nas cidades.

Todos os dias

Entre as revistas, Veja traz uma reportagem sobre experimentos com um avião movido a hidrogênio.

Época não aborda o tema ambiental, mas debate a questão social com um amplo estudo sobre os efeitos das políticas de inclusão no Brasil.

CartaCapital, que se dedica mais ao tema social, traz uma curta entrevista do empresário Oded Grajew, líder de iniciativas como o Instituto Ethos e o movimento Nossa São Paulo. Grajew critica a decisão do governo de adiar a exigência para que a Petrobras coloque no mercado o óleo diesel menos poluente.

O empresário chama o ministro do Meio Ambiente Carlos Minc de mentiroso, e observa que a poluição provocada em boa parte pelo diesel de má qualidade mata mais do que a dengue.

Como se vê, o tema é importante também para todos os outros dias da semana, e deveria vir grudado nas seções de Economia e Política.