quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Números do Inpe começam a confirmar previsão de Minc sobre desmatamento. Ministro do Meio Ambiente diz que devastação será a menor já registrada.


Imagens de satélite mostram redução constante da derrubada da floresta.

Já faz alguns meses que o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, vem prometendo que o desmatamento entre 2008 e 2009 será o menor desde que o Brasil começou a medir a devastação da Amazônia. Nesta terça-feira (4), em Brasília, o ministro reforçou sua expectativa: "Se nada de extraordinário ocorrer, teremos a confirmação do menor desmatamento dos últimos 20 anos", disse ele, segundo nota divulgada pelo ministério.

A diferença é que, desta vez, os números do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) já começam a confirmar a previsão de Minc. Segundo o último estudo do instituto, a floresta perdeu 578 km² em junho. O número é 33% inferior ao mesmo mês do ano anterior e a menor taxa desde 2004, quando o monitoramento mensal começou a ser realizado.

Por causa da grande quantidade de nuvens que pairavam sobre a Amazônia nos últimos meses, havia expectativa de que o desmatamento medido em junho – quando o tempo melhorou – revelasse grandes áreas desmatadas que poderiam estar invisíveis sob a lente dos satélites.

Não foi o que ocorreu. Apesar do aumento do desmatamento em relação ao mês anterior – em maio, foram 128 km² derrubados –, este já é a oitava leitura mensal do Inpe em que o desmatamento cai em relação ao mesmo período do ano anterior, revelando uma redução consistente do desmatamento.


Medição paralela

As estatísticas de desmatamento divulgadas pela ONG Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), apesar de serem baseadas em metodologia diferente da usada pelo Inpe, também indicam queda constante do ritmo de devastação. Segundo a organização, a floresta amazônica perdeu 150 km² em junho – redução de 75% em relação a junho de 2008, quando o desmatamento somou 612 quilômetros quadrados.

Na semana passada, o pesquisador Adalberto Veríssimo, um dos autores do estudo da ONG, concordou com as previsões de Minc sobre a queda do desmatamento. O cientista alertou, contudo, que no segundo semestre o desmatamento pode subir novamente.

O crescimento da economia, somado a um verão seco, podem estimular o corte das árvores. Além disso, Veríssimo aponta a proximidade das eleições como um dos fatores que aumentam a devastação “Infelizmente, a floresta é barganhada”, afirmou.

Minc, apesar de otimista, está apreensivo em relação à próxima medição. “Julho é um mês terrível. E vai ser difícil reduzir o desmatamento em relação a julho de 2008, que foi de cerca de 300 quilômetros quadrados”, disse ele, segundo a Agência Brasil.


Período de um ano

Os dados anuais de desmatamento serão divulgados pelo Inpe no final do ano. O calendário utilizado pelo instituto vai de agosto a julho. Assim, a taxa equivalerá à devastação ocorrida entre 2008 e 2009.

O ministro calcula que as estatísticas apontem entre oito e nove mil quilômetros quadrados destruídos. Se isso se confirmar, será a menor taxa desde 1988, quando o Inpe começou a medir o desmatamento. Até hoje, o menor nível detectado foi em 1991 (11.030 km²). No ano passado, foi registrada a terceira menor estatística anual, de 12.911 km².


Comparação mensal

Considerando as medições feitas a cada 30 dias, a previsão de Minc parece estar certa. Nos últimos 11 meses, o Inpe apontou que 3.534 km² de florestas foram devastadas. No período anterior (agosto de 2007 a junho de 2008), haviam sido detectados 7.817 km² de florestas derrubadas.

A conta só não pode ser simplificada assim porque a leitura anual, chamada de Prodes, considera apenas os locais onde a floresta foi completamente derrubada – o conhecido “corte raso” –, enquanto a leitura mensal, chamada de DETER (Detecção do Desmatamento em Tempo Real), inclui os locais onde a mata foi parcialmente destruída – a tecnicamente denominada “degradação florestal”.

Outra diferença entre as duas estatísticas é que o Prodes utiliza imagens de resolução melhor que o Deter, conseguindo verificar desmatamentos menores.

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